domingo, 28 de fevereiro de 2010

Aula ECT e TRT – Interpretação – 23.02.2010

Leitura de Texto-base: interpretar um texto é muito mais do que simplesmente lê-lo. Ao interpretar, deve-se provar que você entendeu, de maneira bastante clara, o conteúdo central de um dado texto. Mas como identificar o conteúdo central de um texto? Conforme falamos na aula passada, um texto é um todo organizado em torno de um mesmo assunto, o que chamamos de coerência. Coesão, por outro lado, são elementos de ligação que ajudam a manter a coerência de um texto. Nesse sentido, um texto, necessariamente, deve 'girar' em torno de um mesmo assunto ou 'tema' central.

* Exercício 1
Leia o seguinte texto e tente resumir cada parágrafo em apenas uma palavra ou uma expressão (frase).

Brasil é pouco globalizado, diz estudo

§1 Um estudo divulgado pela consultoria A.T. Kearney e pela revista "Foreign Policy Magazine" indica que, num ranking com 62 países, o Brasil ocupa o 57° lugar entre as nações mais globalizadas do mundo. A Irlanda apareceu em primeiro, seguida por Suíça, Suécia, Cingapura e Holanda. Os EUA, ao contrário do que se poderia imaginar, são apenas o 11° no ranking da globalização, e a Inglaterra, o 9º.
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§2 Segundo o consultor Mark Essle, sócio e diretor-executivo da A.T. Kearney para a América Latina, a presença de inúmeras companhias internacionais no país e o fato de muitos executivos trabalharem para essas empresas estrangeiras dão a falsa impressão de que o Brasil é globalizado. Para chegar ao ranking, a pesquisa considerou quatro fatores: integração econômica, desenvolvimento tecnológico, engajamento político e contato pessoal.
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§3 "No caso do Brasil, esse último item mede o quanto o brasileiro é globalizado, considerando viagens internacionais e ligações telefônicas para exterior, entre outros aspectos", disse Essle. No item integração econômica, o Brasil ficou na 47° posição; em desenvolvimento tecnológico, na 61° em engajamento político, na 38° e em contato pessoal, no 61° lugar.
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Gilberto Dimenstein
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/imprescindivel/mes/abril03.htm

A leitura que devemos fazer, portanto, é a interpretativa. Isso quer dizer que apenas uma leitura de um texto não é suficiente. Devemos fazer uma primeira leitura como uma espécie de varredura, apenas para decodificar as palavras, para se habituar ao texto. Uma segunda leitura deve ser mais atenta, centrando-se no tema proposto no texto, ou seja, sobre o que o texto efetivamente fala. E uma terceira leitura, nessa sim, devemos fazer uma espécie de resumo por parágrafo ou mesmo por período. É aconselhável também que nesta terceira leitura, destaquemos, sublinhando, por exemplo, os termos-chave, as palavras mais importantes do texto, por parágrafo ou período.
Além da leitura atenta, é importante que entendamos o estrutura interna do texto. Entenda-se por estrutura interna, aqueles elementos que fazem com que um texto seja, de fato, um texto. Elementos que façam o elo entre termos. Esses elementos, como dito acima, são os itens coesivos. Coesão é o fenômeno que se dá internamente ao texto e que auxilia na coerência. Percebemos tal fenômeno em expressões, tais como: conforme, assim, portanto, no entanto, assim como, isso, esse, como dito acima etc. É a partir dessas pequenas expressões que acontecem o encadeamento, tanto entre os parágrafos, como entre os períodos num texto.

* Exercício 2: no mesmo texto do exercício anterior, identifique os elementos coesivos que fazem os encadeamentos lógicos e grife-os.
Após feitas duas ou três leituras do texto, é natural que partamos para o enunciado da questão. Lembre-se que o próprio enunciado é um texto e, portanto, é passível de ser interpretado. E é exatamente isso que se espera de um candidato numa prova, que ele interpreta também o enunciado da questão. Aliás, tão importante quanto o próprio texto-base. Lembre-se de se ater ao que o enunciado pede e, se for o caso, grifar expressões, tais como: errada, certa, correta, única etc.
Na hora de responder às questões, não se acanhe a voltar sempre ao texto. Se possível, volte a cada questão, para que cada uma delas, diante dos seus olhos, a toda prova tenha o valor de verdade ou de falsidade. Lembre-se, geralmente a resposta está no corpo do próprio texto e raramente externo a ele.
E por falar em elementos externo ao texto, voltemos a falar um pouco mais sobre o contexto. O contexto, como o próprio nome denuncia, é aquilo que circunda um texto. São elementos que amparam um texto. Um texto nunca é absolutamente original, ele sempre dialoga com outros textos. Assim, o texto de Dimenstein que serve para ilustrar o exercício 1, faz diálogo, provavelmente, com o texto de divulgação da pesquisa da Kearney, bem como a um outro texto que o próprio autor escrevera três anos antes.
Num texto-base para uma questão de concurso público, o contexto fica visível na sua citação. Ou seja, a fonte do texto nos dá pistas, esclarece melhor qual o objetivo do texto. Por exemplo, se foi publicado num site como “Folha on-line” certamente tratará de um texto informativo; seu objetivo, portanto, é bem diferente de um texto publicado na revista “Mundo Estranho” ou nas atas de um processo judicial.

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